O SXSW é um festival de entretenimento, tecnologia e inovação que ressignifica e inspira o mercado e, logicamente, não poderíamos ficar de fora dessa!
Por Patricia Piana Presas
Em 2020, menos de 3 dias do festival começar (nós estávamos quase embarcando para ir para Austin), todo o evento foi cancelado, por conta da pandemia do covid-19.
Neste ano, o SXSW está sendo realizado de forma totalmente virtual, entre os dias 16 e 20 de março, e vamos compartilhar com vocês os principais highlights e insights inspiradores, para refletir sobre o futuro que começa agora!
Sobre a versão Online
É óbvio que estar sentado na sala de casa não é a mesma coisa de estar no Centro de Convenções em Austin, no entanto, acompanhar o evento online tem sido uma experiência interessante.
O time de tecnologia do SXSW fez um trabalho bem competente, e estruturou uma plataforma que permite, além de acompanhar as palestras, fazer o network. Este sistema tem um esquema de mensagens e agendamentos de reuniões e mentorias que permite começar conversas entre os participantes e até com os palestrantes do SXSW 2021.
1. Amy Webb e a separação entre um futuro promissor ou distópico
Você das Coisas (YoT)
VR, AR, DR, Um mundo da realidade mista
Indo além, Amy falou da Diminished Reality (DR). Este campo novo da RA (Realidade Aumentada) tem foco oposto, a ideia aqui é mascarar ou reduzir elementos da realidade entregue ao usuário.
E como fica a ética neste mix de realidades?
Ou ainda, o avanço da tecnologia e inovação em “sintetização”, onde é possível criar versões sintéticas de pessoas: em imagens e vídeos, como já acontece nos deepfakes, cheapfakes e agora em sites como o Alethea e o Synthesia – em que você pode comprar um avatar da versão criança do Obama ou ainda uma fusão entre Donald Trump e o campeão de luta livre, Hulk Hoogan.
Uma nova (des)ordem mundial
2. Por que ter medo da tecnologia e inovação?
Este bate-papo era um dos mais aguardados do SXSW. De um lado Yuval Noah Harari, historiador e autor do best seller Sapiens, entre outros livros de grande sucesso, e do outro a atriz Mayim Bialik, que interpreta Amy Farrah Fowler na série The Big Bang Theory, e que também é PhD em Neurociência.
Yuval começou explicando que o storytelling é uma ferramenta extremamente poderosa e, por isso, a ciência e a ficção andam sempre lado a lado. Isso, segundo ele, explica o motivo pelo qual fake news continuam existindo em uma era que chamamos de era da informação.
A discussão foi muito boa e rolou entre os conceitos de racionalidade e o de irracionalidade, e principalmente sobre como estão presentes em uma mesma pessoa. Podemos ver pessoas altamente esclarecidas e racionais por um lado, mas muitas vezes completamente irracionais e ilógicas quando se trata de política, ideologia ou religião, por exemplo.
Mas adiante, Yuval dirige seus comentários a pessoas e à indústria de Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial. Em um tom de convite, ele desafiou os criadores e devs de nosso tempo a fazerem um exercício mental a cada novo APP, plataforma ou ferramenta que estiverem desenvolvendo e pretenderem lançar. Achamos a provocação muito válida, tanto que citamos literalmente as palavras dele.
“O nosso mundo hoje é moldado por algoritmos. Não é ficção científica, é uma realidade. Nos últimos 20 anos as pessoas mais inteligentes do mundo estão reunidas em torno de um objetivo: encontrar uma fórmula de fazer maior número de pessoas clicar em um link. Eles conseguiram.” Mas, por que essas as mentes mais brilhantes do nosso tempo estão focadas em resolver este problema e não endereçando outras questões?
“A forma como desenvolvemos tecnologia é uma escolha nossa. Quem está desenvolvendo algo deve parar e pensar por um momento como a pessoa com poder que ele mais despreza no mundo poderia usar o seu invento. E aí, volte para sua obra e talvez dessa reflexão surja uma maneira um pouco diferente de desenvolver sua inovação”.
O “melhorador” de cérebros
Em outro pitch, de Iain McIntyre – CEO do Humm, em uma fala bem focada em tecnologia e inovação, complementou a conversa de Yuval e
Mayim, trazendo algumas tecnologias inovadoras no que trata de neurociência.
A Humm é uma startup, que já levantou alguns aportes de milhões de dólares e lançou um dispositivo. Chamam o aparelho de “Brain Sharpener” e afirmam que estimula o cérebro por 15 minutos e com isso melhora a performance do seu cérebro e sua memória por 90 minutos.
É importante dizer que atualmente, Mark Zuckerberg e Elon Musk, respectivamente donos do Facebook e da Tesla, estão investindo fortemente em empresas de neurotecnologia.
E sobre isto, um último comentário desta autora. Assim, com este comentário a fala de Amy Webb e de Yuval, o Picth de Iain e os investimentos dos homens mais ricos do mundo, se entrelaçam…
3. Construindo comunidades digitais mais autênticas
A mesa sobre comunidades digitais, mediada por Alexis Ohanian, co fundador do Reddit e à frente da venture capital Seven Seven Six, trouxe para a discussão Victoire Reynal, CEO do Gloria Football; Vernon Coleman, CEO do Real Time, e David Dobrik, CEO do Dispo, um app de fotos digitais espontâneas. O que uniu essas pessoas no painel foi o fato de serem empreendedores que realmente buscam promover uma conexão real e genuína em suas plataformas.
“Algo que as mídias sociais têm falado há uma década, mas que, de alguma maneira, não concretizaram”, segundo Alexis.
Indo além do obvio de tecnologia e inovação, outro tema que este muito forte na discussão foi o conceito de que comunidades são “negócios da atenção”, mas que ocorre em função da conexão autêntica e na interação entre os participantes. Para Coleman, as comunidades digitais devem ser “um lugar onde as pessoas podem realmente ser elas mesmas com os outros”.
Pertencimento é a palavra de ordem. Todos podem encontrar uma comunidade que se encaixa em seus interesses, de árvores a tapetes, mas o que sustenta e move o grupo é o sentimento de pertencer. Em resumo, essa “nova onda” trata de acessibilidade, autenticidade e diversão.
4. Ensinamentos sobre viver bem com Willie Nelson
Willie Nelson, o famoso compositor e cantor americano de música country, se afastou um pouco do tema de tecnologia e inovação, mas deu uma aula, no alto de seus 87 anos, de como viver bem.
Para quem sempre viveu no estilo “On the Road Again”, maior sucesso do cantor, ouvi-lo falar da paz de estar isolado em seu rancho no Texas durante a pandemia, é esclarecedor e ao mesmo tempo motivador.
Nas palavras dele “Fumar maconha ajuda bastante… sempre me ajudou a não ser morto e a não matar ninguém”. Isso também explica por que ele investe no cannabusiness. Inclusive ele tem
sua própria marca de produtos de cannabis: Willie’s Reserve.
Durante a entrevista, Willie contou que pratica ativamente exercícios físicos – corrida e caminhada – e se dedica a escrever cartas aos amigos, vivos ou mortos, como prática de bem-estar.
Quando questionado sobre não ser um idiota, respondeu:
“Não sei, nunca tentei não ser um… mas com tantos idiotas por aí, deve ser difícil…”.
Eheheeh, só por isso deu pra entender que o bom humor ajuda a viver em paz, né?
E pra terminar, o mantra que repete todos os dias e ajuda Willie Nelson a não guardar rancor: “Perdoar, esquecer e seguir em frente”.
Tá bom pra você? Pra nós está claro que temos muito o que aprender com ele.
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