Uma experiência fantástica! Essa frase resume o sentimento de participar do SXSW – South by Southwest ou “South By” para os íntimos, o maior festival de inovação, criatividade e cultura do mundo, que acontece anualmente em Austin, no Texas.
Por Patricia Piana Presas
O SXSW iniciou com o encontro EDU, de 04 a 07 de março, com o conteúdo focado no futuro da educação; a partir do dia 08/03 passou para o FILM & INTERECTIVE, focado em tecnologia e inovação e a parte do cinema e termina no dia 17 de março com o MUSIC, que originou o South by Southwest, há mais de 30 anos.
Durante os 10 dias do SXSW Interactive, foram mais de 5 mil atividades entre palestras, mesas de debate, workshops, mentorias, exposições, ativações de marcas e experiências espalhadas entre o Austin Convention Center (ACC), diversos hotéis e pelas ruas próximas ao ACC. Nesse ano, foram mais de 130 mil pessoas participando do evento, sendo que o Brasil foi a primeira delegação estrangeira em participação, com mais de 1.600 inscritos, de acordo com dados do SXSW.
E uma coisa é certa: essa quantidade absurda de conteúdos inspira qualquer um a transcender. A atmosfera única de Austin nesses dias de SXSW é inspiradora, com seus milhares de patinetes e bicicletas elétricas para se locomover rapidamente entre um local e outro.
O FOMO (Fear of Missing Out) te persegue pelos corredores, correndo para tentar entrar em uma sala superlotada, ou quando você acaba comendo apenas uma barrinha de cereal para não precisar sair de uma fila. Ou mesmo quando já está assistindo a palestras interessantíssimas ou a debates sobre temas dos quais não se tem a menor ideia do que se trata, mas que inspiram a tirar nossas próprias conclusões sobre o futuro e a repensar diversas questões do nosso dia-a-dia.
Para mim, o SXSW foi uma experiência intensa relacionada a tendências e inovações do mundo inteiro, entre palestras e debates sobre Inteligência Artificial, Machine Learning, Virtual Reality, mas também sobre a humanização das tecnologias, diversidade, equidade, privacidade e dados que podem resultar em ideias e novas soluções para os desafios enfrentados pelo mercado.
Fato é que nem sempre, entre tantas opções disponíveis, você assiste a algo fantástico, mas nem por isso deixa de ser possível fazer conexões e ter algum insight inspirador; assim como, em outras vezes, você entra em uma palestra sem nenhuma expectativa e acaba sendo uma grata surpresa e uma grande experiência em termos de conteúdo e/ou se vida.
No meu caso, tive algumas experiências engrandecedoras:
Amy Webb, diretora do Instituto Future Today e da Escola de Negócios da New York University, que apresentou a mais recente edição do relatório Tech Trends, onde avalia o impacto das tecnologias sobre a sociedade, a curto e longo prazo. Para Amy, “Qualquer empresa ou pessoa que queira entender o futuro de sua área tem de estar muito atenta às tendências adjacentes. Não se trata de prever o futuro, mas de fazer conexões entre áreas que parecem não ter nada a ver”. E nessa ótica, não posso deixar de falar também da palestra “7 Tendências Não-Óbvias que irão Mudar o Futuro”, de Rohit Bhargava, fundador da Non Obvious Company. Para Bhargava, é preciso se livrar de suposições que nos assolam pelo poder do hábito e evitar o desespero por inovar o tempo todo: “A inovação pela inovação pode levar à criação, muitas vezes, de coisas estapafúrdias e ‘criativosas’, mas que não mudam a vida de ninguém”.
As inovações apresentadas no Trade Show, espaço dentro do SXSW voltado às startups e países que estimulam o desenvolvimento de tecnologias. Destaco o uso do mapeamento genético, onde a partir da análise do seu DNA são apresentadas opções de alimentação, exercícios físicos ou complementação vitamínica. A massiva presença de robôs afetivos, que a partir da AI tem a função de fazer seus donos felizes, ou ainda uma impressora 3D que a partir de uma amostra de sangue, produz sushi e outros alimentos com as vitaminas e minerais que seu corpo precisa, entre tantas outras propostas extraordinárias.
Os espaços de ativação de diversas marcas, com suas programações voltadas ao festival, com bate-papo com profissionais das marcas, espaços de descanso, comidinhas e bebidas, jogos, brindes, entre outras coisas. Foram várias, como a casa da Netflix, do LinkedIn, com estúdio para fazer uma foto profissional para o seu perfil; da Accenture, com seu ‘playground’ de inovação; a casa da SAP, da Dell, da Fast Company; a casa da Sony, com o Aibo, o cão robô que dá vontade de trazer para casa (por “apenas” US$3.000,00 porquê não?!); a LG Inspiration Gallery e seus robôs fofinhos que conseguem reconhecer o estado emocional das pessoas e expressar diferentes sentimentos, como alegria, paz, tristeza e raiva; ou ainda a casa da Samsung ou a da Bose, para testar os incríveis óculos de sol com fone bluetooth embutido, e por aí vai.
O foco no ser-humano. Em um evento focado fortemente em inovação, AI, VR, MR, UX, UI e mais uma imensa sopa de letrinhas, fiquei feliz em perceber que o foco das discussões foi o ser-humano. Toda tecnologia, por mais inovadora que seja, é apenas um meio para chegar em um fim: cada um de nós. Praticamente todos os painéis sobre inovação trataram de refletir sobre privacidade, ética, novos modelos de trabalho, transparência, e muitas outras questões profundas sobre relacionamento, empatia, conexões e comportamento humano em meio a toda essa tecnologia. Um exemplo foi a ativação VR Blind Date, com pessoas passando pela experiência “virtual” o mais próximo possível da “realidade” de uma cadeirante indo a um primeiro encontro.
Em resumo, é praticamente impossível traduzir a experiência de participar do SXSW, pois é muito mais do que conteúdo, é uma experiência profunda de como aprender a desaprender, como sair daquele status quo do dia a dia e receber uma enxurrada de insights que questionam nossas crenças e provocam reflexões sobre tecnologia, negócios e a humanidade, no sentido mais amplo da palavra.
O SXSW é uma experiência que deve ser vivida full-time, muito além da programação oficial ou do que você tenha se planejado para fazer. É importante sair do óbvio, encarar o desafio de ver e ouvir temas e pessoas que aparentemente não tem relevância no que atuamos, mas nada mais inspirador do que conseguir fazer conexões entre áreas que não tem nada em comum. Isso é muito SXSW.
See you next year, SXSW!!!
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